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Aconselhamento sobre Vacinação contra COVID-19 para Pessoas com EM

By 2021-02-28 Março 5th, 2021 No Comments

Se tem EM e não sabe se deve tomar a vacina espreite as recomendações da MS International Federation. Segundo diversos especialistas, os riscos da COVID-19 superam quaisquer riscos potenciais da vacina.

 

Dois dias antes da reunião dos dirigentes europeus sobre uma resposta coordenada à crise da COVID-19, a Comissão Europeia definiu uma série de ações necessárias para intensificar a luta contra a pandemia. Até março de 2021, cada Estado-Membro deverá vacinar pelo menos 80% das pessoas com mais de 80 anos e 80% dos profissionais de saúde e de assistência social. Até ao verão de 2021, os Estados-Membros deverão vacinar pelo menos 70% da população adulta.

Desta forma, a Comissão determinou que os Estados-Membros devem atualizar as suas estratégias de teste para ter em conta novas variantes e alargar a utilização de testes rápidos do antigénio, tal como aumentar a sequenciação do genoma para, pelo menos, 5 % e, de preferência, 10 % dos resultados de testes positivos (actualmente, muitos Estados-Membros estão a testar menos de 1 % das amostras, o que não é suficiente para identificar a progressão das variantes nem detetar quaisquer variantes novas).

A vacinação é essencial para sairmos desta crise. Já garantimos vacinas suficientes para toda a população da União Europeia. Precisamos agora de acelerar a entrega e acelerar a vacinação.”, refere a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em comunicado de imprensa.

A COVID-19 é uma nova doença, causada pelo vírus SARS-CoV-2, que pode afetar os pulmões, vias respiratórias e outros órgãos. Segundo a MS International Federation (em português, Federação Internacional de Esclerose Múltipla), as evidências atuais mostram que ter EM não aumenta a probabilidade de desenvolver COVID-19 ou de ficar gravemente doente quando comparado com a população em geral.

No entanto, os seguintes grupos de pessoas com EM são mais suscetíveis a um caso grave de COVID-19: pessoas com EM progressiva; pessoas com EM com mais de 60 anos; homens com EM; negros com esclerose múltipla e possivelmente pessoas do sul da Ásia com EM; pessoas com níveis mais altos de deficiência (por exemplo, uma pontuação EDSS de 6 ou acima, que se relaciona com a necessidade de usar uma bengala); pessoas com EM e obesidade, diabetes ou doenças de coração ou pulmões.

A Vacina da Gripe é segura?

A vacina contra a gripe é segura e recomendada para pessoas com EM. Para países que estão a entrar na época da gripe, recomenda-se que pessoas com EM recebam a vacina contra a gripe sazonal onde estiver disponível.

Pessoas com EM devem tomar a vacina contra a COVID-19?

A ciência já mostrou que as vacinas de mRNA COVID-19 (Pfizer-BioNTech e Moderna) são seguras e eficazes. Não obstante, assim como outras decisões médicas, a decisão de tomar a vacina deverá ser feita em parceria com o seu profissional de saúde.

Desta forma, deve receber a vacina de mRNA (Pfizer-BioNTech ou Moderna) se e assim que estiver disponível para si. Segundo avançado pelos especialistas, os riscos da doença COVID-19 superam quaisquer riscos potenciais da vacina. Além disso, não só a pessoa com EM, como membros da família e contactos próximos também devem receber a vacina, pois, só assim se pode ir diminuindo o impacto do vírus aos poucos.

Se teve COVID-19 e recuperou também deve vacinar-se, visto que, a infeção anterior não o protege definitivamente contra infecções futuras por Corona Vírus (pelo contrário, a sua proteção é indefinida).

Importa referir que, as vacinas Pfizer-BioNTech e Moderna requerem duas doses, ou seja, precisará de tomar as duas para que a vacinação seja totalmente eficaz. Assim, aconselha-se a que siga as diretrizes locais, regionais e nacionais quando for chegado o momento da toma da vacina. Tome nota que, após a vacinação completa (a toma total das doses), pode demorar até três semanas a atingir a imunidade máxima.

Embora os dados dos ensaios clínicos indiquem que a proteção da vacina é bastante alta e que perdura durante vários meses (ou seja, as pessoas vacinadas terão um risco muito mais baixo – menos de 5% – de ter sintomas de COVID-19 ou de contrair o vírus se expostos ao mesmo), ainda não se sabe concretamente por quanto tempo uma pessoa vacinada ficará protegida contra o Corona Vírus. Por este motivo, no futuro, poderá vir a ser necessário um novo processo de vacinação contra a COVID-19 (obrigando à toma de mais doses da vacina).

População prioritária e de risco

Pessoas com EM progressiva, os mais idosos, aqueles que têm um nível mais alto de deficiência física, pessoas com certas condições médicas (como diabetes, pressão alta, obesidade, doenças cardíacas e pulmonares), pessoas com EM  de etnia negra ou do sul da Ásia, estão entre os grupos com maior risco de hospitalização por COVID-19, devendo, por isso, ser considerado prioritário no processo de vacinação.

O que devem fazer Crianças ou Mulheres Grávidas com EM?

De momento não há conselhos específicos para mulheres grávidas com Esclerose Múltipla. Existem informações gerais da Organização Mundial de Saúde em COVID-19 e gravidez. Quanto às crianças com EM, não há conselhos específicos, estas devem seguir os conselhos descritos em seguida para pessoas com EM.

Diretrizes da OMS para se proteger

Todas as pessoas com EM são aconselhadas a seguir as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) que se apresentam, de modo a reduzir o risco de infecção por COVID-19 (pessoas em grupos de alto risco devem prestar especial atenção às medidas abaixo):

  • Praticar o distanciamento social, mantendo pelo menos 1,5 metros de distância dos outros para reduzir o risco de infeção ao tossir, espirrar ou falar. Isto é particularmente importante dentro de casa, mas aplica-se também ao ar livre.
  • Torne o uso de máscara um hábito quando está perto de outras pessoas e certifique-se de que a usa correctamente seguindo as instruções da plataforma MSIF.
  • Evite ir a locais lotados, especialmente dentro de espaços fechados. Quando isso não for possível, certifique-se que utiliza a máscara e se mantém a uma distância de 1,5 metros.
  • Lave as mãos com água e sabão com frequência ou utilize um gel à base de álcool (70% de álcool é considerado mais eficaz).
  • Evite tocar nos olhos, nariz e boca, a menos que suas mãos estejam limpas.
  • Ao tossir e espirrar, cubra a boca e o nariz com o cotovelo ou um lenço de papel.
  • Limpe e desinfete as superfícies com frequência, especialmente as que são tocadas regularmente.
  • Converse com o seu médico de saúde sobre planos de cuidados ideais, por meio de consultas de vídeo ou presenciais (se houver essa necessidade). Visitas a clínicas/centros de saúde e hospitais não devem ser evitadas, se forem recomendadas com base nas suas necessidades de saúde.
  • Mantenha-se ativo e tente participar em atividades que contribuam para melhorar a sua saúde mental e bem-estar. Exercícios físicos e atividades sociais que possam ocorrer no exterior e com distanciamento social são encorajados.
  • Obtenha a vacina contra a gripe sazonal onde estiver disponível e incentive a sua família a fazer o mesmo. Cuidadores e membros da família que moram consigo ou que o visitam regularmente também devem seguir estas recomendações para reduzir a probabilidade de infecção por COVID-19.

Conselhos sobre Terapias Modificadoras de Doença para EM

Muitas terapias modificadoras de doença (DMTs) para Esclerose Múltipla atuam suprimindo ou modificando o sistema imunológico. Alguns medicamentos para EM podem aumentar a probabilidade de desenvolver complicações com a COVID-19, contudo esta situação deve ser contrabalançada com os riscos de interromper ou atrasar o tratamento.

A Federação Internacional de Esclerose Múltipla recomenda, assim, que as pessoas com EM, atualmente em tratamento com DMTs, continuem o seu tratamento (a menos que o seu médico aconselhe outro diferente).

Pessoas com EM que desenvolverem sintomas de COVID-19 ou que testem positivo devem debater a sua terapêutica com o seu médico ou outro profissional de saúde familiarizado com o histórico de doença e tratamentos clínicos.

Antes de iniciar qualquer DMT ou alterá-la, os doentes devem discutir com os seus profissionais de saúde qual é a melhor terapia para as suas circunstâncias individuais. Esta decisão deve considerar as seguintes informações:

  • Curso e atividade da doença de EM;
  • Os riscos e benefícios associados a diferentes opções de tratamento;
  • Riscos adicionais relacionados ao COVID-19, como: a presença de outros fatores para um caso mais grave de COVID-19, a idade avançada, obesidade, doença pulmonar ou cardiovascular preexistente, EM progressiva, etnia com maior risco, etc;
  • O risco COVID-19 atual e futuro previsto na área local;
  • Risco de exposição à COVID-19 devido ao estilo de vida (por exemplo, se são capazes de se auto-isolar ou se trabalham num ambiente de alto risco);
  • Evidências emergentes sobre a potencial interação entre alguns tratamentos e o agravamento da COVID-19;
  • Infecção anterior com COVID-19;
  • Disponibilidade e acesso a uma vacina COVID-19.

Evidências sobre o impacto dos DMTs na gravidade do COVID-19

É improvável que os interferões e o acetato de glatirâmero tenham um impacto negativo na gravidade do COVID-19, inclusivamente, há algumas evidências preliminares de que os interferões podem reduzir a necessidade de hospitalização devido à COVID-19.

As evidências disponíveis sugerem que pessoas com EM, que tomem fumarato de dimetila, teriflunomida, fingolimod, siponimod, ozanimod e natalizumabe, não apresentam risco aumentado de sintomas mais graves de COVID-19.

Existem, porém, algumas evidências de que as terapias com CD20ocrelizumabe e rituximabe – podem estar associadas a uma possível infecção por COVID-19 mais grave. No entanto, essas terapias devem ainda ser consideradas como uma opção para o tratamento da EM durante a pandemia. Por sua vez, Pessoas com EM que os estão a tomar (tal como ofatumumab e ublituximab, que funcionam da mesma forma) devem estar particularmente vigilantes quanto aos conselhos acima referidos.

Em relação à utilização de alemtuzumab e cladribina, são necessários mais dados para fazer qualquer avaliação da sua segurança conjuntamente com a vacina contra a COVID-19 ou ao contrair o vírus. Pessoas com EM que estão com esta medicação devem discutir a sua contagem atual de linfócitos com os seus profissionais de saúde, pois, caso a sua contagem for considerada baixa, devem isolar-se o máximo possível para reduzir o risco de contágio.

As recomendações sobre adiar a segunda ou mais doses de alemtuzumab, cladribina, ocrelizumab e rituximabe, devido ao surto de COVID-19, difere entre países. Pessoas que tomam esses medicamentos e estão referidos para a próxima dose devem consultar o seu médico.

Conselhos sobre transplante autólogo de células-tronco hematopoéticas (HSCT)

O transplante autólogo de células-tronco hematopoéticas (HSCT) inclui um tratamento de quimioterapia intensiva. Tal enfraquece gravemente o sistema imunológico por um período de tempo, desta forma, pessoas que foram submetidas a HSCT recentemente devem considerar a extensão do período de isolamento (pelo menos mais seis meses). Por sua vez, as pessoas que se vão submeter ao tratamento devem considerar o adiamento do procedimento, em consulta com o seu profissional de saúde. Se um HSCT for administrado, a quimioterapia deve ser realizada em quartos isolados de outros pacientes do hospital.

Aconselhamento médico para surtos e outros problemas de saúde

Neste momento, pessoas com EM devem procurar aconselhamento médico (não só presencial, como através de consultas telefónicas ou por videochamada) se sentirem mudanças na sua saúde, especialmente, que possam sugerir uma recaída ou outro problema subjacente, como uma infeção.

O uso de esteróides para o tratamento de recaídas deve ser cuidadosamente considerado e usado apenas para surtos que precisem de intervenção. Há algumas evidências que demonstram que receber esteróides, em altas doses, no mês anterior a contrair COVID-19, aumenta o risco de uma infeção mais grave. Quando possível, a decisão deve ser tomada com um neurologista que já o acompanhe, visto que, caso siga um tratamento com esteróides deve ser extremamente vigiado e considerar o autoisolamento (de, pelo menos, um mês) para reduzir o risco de contágio.

O importante é que as pessoas com EM continuem a participar nas atividades de reabilitação e a permanecer ativas, tanto quanto possível, durante a pandemia. Pode fazê-lo através de sessões remotas, de sessões disponíveis nos centros que o apoiam (como a SPEM) ou na sua clínica, tudo seguindo as precauções de segurança para se proteger a si e limitar a propagação da COVID-19. Em adição, nesta fase, caso tenha preocupações com a sua saúde mental consulte de imediato o seu médico.

Vacinas mRNA COVID-19 (Pfizer-BioNTech e Moderna) e EM

As vacinas de mRNA funcionam usando parte do código genético do coronavírus para solicitar uma resposta ao sistema imunológico humano, o qual irá gerar uma resposta produzindo anticorpos e células T (uma população especial de glóbulos brancos) para combater o vírus (importa referir que, todos os dados relativos a vacinas mRNA estão patente em ensaios clínicos, cuidadosamente revistos e aprovados por autoridades reguladoras).

Contudo, não há informação sobre quantas pessoas tinham EM nos ensaios clínicos da vacina mRNA, portanto, para já, ainda não estão disponíveis dados específicos sobre a segurança e eficácia destas vacinas para pessoas com EM. A orientação da Federação Internacional de EM é, por isso, baseada nos resultados relativos à população em geral e orientada, por experiência anterior, à vacinação de pessoas com EM.

Vacinas mRNA (Pfizer-BioNTech e Moderna) são seguras para pessoas com EM?

As vacinas de mRNA (Pfizer-BioNTech e Moderna) não contêm vírus vivo e não causarão infeção por COVID-19. Desta forma, as vacinas de mRNA (Pfizer-BioNTech e Moderna) não são susceptíveis a desencadear um surto de EM ou a piorar os seus sintomas crónicos. O risco de obter COVID-19 supera em muito qualquer risco de ter uma recaída de EM com a vacina.

Contudo, importa referir que, vacinas mRNA (Pfizer-BioNTech e Moderna) podem causar efeitos colaterais como febre ou fadiga. Sendo que, a febre pode piorar, temporariamente, os sintomas da EM, mas estes devem retornar aos níveis anteriores assim que a febre baixe. Note que, mesmo que tenha efeitos colaterais com a primeira dose, é importante obter a segunda dose da vacina para que esta seja totalmente eficaz e para ficar protegido.

Vacinas mRNA COVID-19 (Pfizer-BioNTech e Moderna) são seguras com a medicação para a EM?

A terapia modificadora da doença (DMT) deve sempre continuar, a menos que seja aconselhado pelo seu médico o atraso ou interrupção da mesma. A paragem abrupta de alguns DMTs pode causar agravamentos na doença.

Com base nos dados de estudos anteriores, de outras vacinas e DMTs, tomar a vacina mRNA (Pfizer-BioNTech ou Moderna) enquanto faz a sua DMT é seguro. Algumas DMTs podem tornar a vacina menos eficaz, ainda assim, esta continuará sempre a fornecer alguma proteção. Porém, para aqueles que tomam ofatumumab, alemtuzumab, cladribina, ocrelizumab ou rituximab, poderá ser necessário coordenar o momento da toma da vacina com a fase da sua DMT. Assim, o mais seguro será que o seu médico determine o melhor período para que conjugue a DMT com a toma da vacina.

 

*Nota: Os conselhos que lhe dirigimos foram desenvolvidos por médicos especialistas em EM e por investigadores competentes na área, encontrando-se recentemente publicados na plataforma da MS International Federation

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