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Terapias alternativas ou complementares? 

By 2021-12-21 No Comments

O termo medicina complementar e alternativa refere-se aos tratamentos que não são amplamente utilizados em medicina convencional. Estas terapias podem ser ou complementares – praticadas em consonância com medicação, por exemplo -, ou alternativas, em casos que substituam métodos de medicina convencional. 

São muitas as terapias usadas por PcEM, tais como: acupuntura, aromaterapia, apiterapia, o uso de canábis, medicina chinesa, homeopatia, massagens, meditação, medicina hiperbárica, hipnoterapia, pilates, reflexologia, reiki, tai chi e yoga. Os benefícios são muitos, desde facilitar o relaxamento, a melhoria da qualidade do sono, a redução da ansiedade, stress e fadiga. 

O uso de terapias e técnicas alternativas como complemento ao tratamento convencional da Esclerose Múltipla tem-se revelado bastante benéfico na promoção do bem-estar físico, psicológico e emocional. Estas alternativas têm tido uma procura crescente por parte dos portadores de EM, uma vez que amenizam os sintomas causados pela doença graças à natureza das terapias, levando assim a uma melhor qualidade de vida. 

A SPEM considera importante a aplicação destas terapias pelo que tem apostado em alguns serviços que vão ao encontro dessas necessidades. Um deles é o Reiki e o responsável por o trazer aos nossos utentes é Pedro Marinho, Certificado em Massoterapia e Mestre de Reiki. Chegou ao Reiki depois de uma certificação em Massoterapia (Técnico Auxiliar de Fisioterapia), dado que desde que a sua mãe foi diagnosticada com Fibromialgia, tem procurado encontrar as melhores terapias complementares para a ajudar. Chegar a uma certificação de Reiki como queria não foi fácil e só à terceira instituição junto da APRE (APRE – Associação Portuguesa Reiki Essencial) é que se encontrou. Foi por sua iniciativa e com o apoio da Direção que o piloto de Reiki na SPEM começou.

 

REIKI 

Foi no final de 2019 que a iniciativa surgiu por parte de Pedro Marinho, que propôs a realização de um piloto com dois utentes, que se veio a tornar um sucesso, contribuindo para a melhoria significativa do bem estar de ambos. Em 2020 foi lançado oficialmente o programa de reiki, não só para utentes como para familiares, cuidadores e para o público em geral. 

O reiki é uma terapia energética que tem como objetivo recuperar e manter a saúde física, mental, emocional e espiritual. É reconhecido como uma terapia complementar pela Organização Mundial da Saúde, sendo inclusive praticado em muitas instituições de saúde de vários países. 

A motivação para começar a trabalhar nesta área nasceu da sua experiência pessoal com a sua mãe, que tem fibromialgia, que é uma doença crónica. “Há muitos especialistas que dizem ter a ver com estados emocionais” – Pedro defende que quem vivencia um estado emocional de baixa vibração por muito tempo, acaba por desenvolver uma doença crónica. Foi assim que se perguntou “o que posso fazer para ajudar?” e acabou por fazer uma certificação em técnico auxiliar de fisioterapia no IMT (Instituto de Medicina Tradicional). 

Pedro Marinho considera que todas as terapias são complementares umas das outras e “a forma como se cria a doença, não é a forma como se elimina a doença”, sendo que duas terapias complementares podem ajudar a combater a doença em questão.  Quando alguém partilha com Pedro alguma doença, este procura sempre a forma de a curar mas também a causa por detrás da sua origem, só assim será dada a garantia de uma cura em definitivo. 

Ainda que haja uma maior abertura por parte da sociedade para as terapias alternativas, nomeadamente o reiki, há ainda “muito ceticismo” e falta de conhecimento associada a um estereótipo de que “isso é tudo da cabeça das pessoas” – como referido por Pedro. 

Existe uma grande diferença quando se fala de reiki no ocidente e no oriente e “enquanto que aqui, batizamos as crianças, no Japão, por exemplo, inicializam as crianças ao reiki logo aos três anos”. Pedro conhece e sabe de cada vez mais casos de médicos que procuram ou recorrem ao reiki, “porque os ambientes hospitalares são muito pesados, são sítios com muita carga.” 

Como é que funciona uma consulta de reiki na SPEM? 


Em primeiro lugar, os utentes são questionados sobre como está o seu estado físico e emocional numa escala de zero a dez, como o cansaço, o sono, a ansiedade, a dor, as emoções etc. Pedro Marinho ouve, aponta e transmite aos utentes aquilo que deverão fazer no seguimento dos seus relatos.
 

Após esta fase, é através do uso das mãos, que Pedro Marinho avalia os chakras das pessoas, sem lhes tocar. “Há pessoas que tocam, mas eu prefiro não tocar.” – diz. A seguir a essa avaliação, começa-se a fazer o reiki propriamente dito, através da passagem de energia, que “flui para onde tem de fluir.”  

No início, há curiosidade mas ceticismo também – ‘o que é que este me vai fazer?’. Enquanto terapeuta de reiki, eu não toco nas pessoas. Mas eles sentem a energia, calor, frio, espasmos, formigueiros.” 

O protocolo inicial seguido pelo terapeuta consiste em quatro sessões físicas e quatro emocionais, que estão muito enquadradas no nível 2. A seguir, mediante a avaliação final, passa-se para protocolos específicos dependendo do caso. “Primeiro, as pessoas começam a perceber como é que a terapia é feita, ganham a confiança, vão relaxando cada vez mais. Houve pessoas que estiveram várias vezes de olhos abertos, outras pessoas que já adormeceram e quando acordaram sentiram uma enorme dose de paz e conforto.” 

“A minha intenção é que as pessoas saiam daqui melhor do que entraram e isso também é muito importante num terapeuta, ter esta intenção de cura. No início, pensava que era eu que curava, mas hoje sou um canal ao serviço e é muito gratificante.” Para Pedro, apenas 30% do trabalho dentro de um tratamento de reiki lhe compete e os restantes 70% ficam a cargo dos utentes. 

Desde 2020 a coordenar o departamento de terapias complementares na SPEM, onde também promove a meditação e as taças tibetanas, Pedro Marinho está neste momento a finalizar mais um grupo de seis utentes e os os resultados estão a revelar-se muito satisfatórios, sendo que os depoimentos serão partilhados em breve. 

(Marcações de sessão de Reiki: através do contacto 932 003 478, falar com Carla Venenno e proceder à marcação, ou pelo e-mail [email protected] Pode colocar as suas dúvidas através do seguinte endereço: [email protected]) 

 

PROJETO EM EQUILÍBRIO 

 

O EM’ Equilíbrio é um projeto desenvolvido pela SPEM, co-financiado pelo Instituto Nacional para a Reabilitação, e que pretende disponibilizar terapêuticas não convencionais a portadores de Esclerose Múltipla. Reiki, meditação, acupuntura e arteterapia são os métodos disponíveis neste programa, que teve início no passado mês de setembro. Para além do reiki, procurámos entender os benefícios e como está a ser a experiência dos utentes com as terapias da acupuntura e meditação.

 

ACUPUNTURA 

Beatriz Andrade e Ana Medeiros têm sido as responsáveis por proporcionar esta terapia a alguns utentes da SPEM.

Beatriz é estudante de Medicina Tradicional Chinesa, encontrando-se a frequentar o 5º ano do curso de cinco anos na UMC e ao ver a nossa proposta de voluntariado, achou que seria interessante poder ajudar e explorar outras áreas que não teria explorado tão facilmente. “Acho que a medicina tradicional chinesa e acupuntura, sendo uma das ferramentas da medicina tradicional chinesa, é uma grande forma de prevenção para a nossa saúde  e de bem-estar e é algo que eu acho que no século XXI estamos a precisar, para contrabalançar o nosso stress e as nossas emoções com as nossas patologias mais físicas e tentar com a acupuntura ajudar a equilibrar a saúde das pessoas.” 

Ana é formada em Medicina Tradicional Chinesa e o seu interesse pela acupuntura surgiu quando o filho mais velho tinha um ano, já há 18 anos. Na altura, tinha formações com pessoas diferentes e considera que foi ótimo, porque acabou por ter uma formação mais complementar e mais global, mais mundial, do que atualmente as formações atuais. Tem um projeto online, através de uma plataforma de terapeutas que faz trabalhos ao domicílio consoante a marcação, trabalha numa clínica nas Laranjeiras quando há pacientes e faz dois voluntariados. 

Ana Medeiros considera que o objetivo da acupuntura, no caso da EM, é “acabar com a dor”, enquanto fazem o tratamento, diminuindo-a até a pessoa ficar sem ela. Ao fazerem tratamentos com utentes tão diferentes, com sintomas também eles diversos, é neste sentido que Beatriz considera que os “protocolos vão sendo mudados consoante a necessidade do paciente e a evolução que nós conseguimos fazer dos desequilíbrios que ele tem”. É importante pensar nas “causas e quais são os agentes patogénicos que, para nós, estão a influenciar aquela pessoa, em vez de olharmos só para o quadro geral de sintomas e catalogar aquela pessoa com A, B ou C e determinados protocolos.” 

 

Délia Almeida, Meditação

MEDITAÇÃO

A meditação também faz parte do projeto e é facilitada por Délia Almeida. Falámos com a terapeuta sobre meditação, sobre quais os benefícios para as PcEM e do funcionamento das sessões que têm vindo a ser desenvolvidas neste contexto. 

Délia Almeida é natural de Lisboa, teve “uma vida normal para a sociedade” – estudou, foi empregada, foi mãe. Ligou-se a esta área juntamente com o marido e neste momento fazem concertos com taças tibetanas e meditação. 

Durante a pandemia, com o isolamento e todas as restrições associadas, as aplicações de meditação estiveram ao rubro, as pessoas pararam e aprenderam a parar, algo que deveria ser tão fácil e não é, ao ritmo normal da sociedade.  

Apesar de nunca ter trabalhado neste contexto, com PcEM, Délia está muito entusiasmada com este desafio e diz que há conhecimentos que não aplicava noutras meditações e que aqui os consegue aplicar. “Fui estudar um bocadinho, saber o que era isto da Esclerose Múltipla e estou a tentar inserir, através da meditação, a passar ferramentas que eles possam utilizar no seu dia-a-dia para melhorar a sua condição de vida, para terem mais qualidade de vida.” 

Délia considera que a meditação “é um benefício muito grande para a melhoria da vida das PcEM, para a qualidade de vida deles. Não faz milagres, mas se calhar até traz milagres. Começam a ter uma perspetiva diferente do que é que é a meditação, porque há muitas pessoas que ouvem meditação e dizem logo ‘ah, isso não é para mim’. Se se permitirem a tomarem um conhecimento do que realmente pode ser a meditação na vida deles, eles podem ter a surpresa de trazer muitos benefícios à qualidade de vida que passa a ser permitido.” 

Este artigo está publicado no Boletim SPEM nº25, digitalmente disponível aqui, nas páginas 16 a 18.

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