Uma vida sexual mais gratificante!
Dra. Glória Batista, responsável pela consulta de Disfunção Sexual Neurogénea do CMRA
Especialista em Medicina Sexual, a Dra. Glória Batista disponibiliza consultas médicas de sexualidade na SPEM Lisboa, com o intuito de ajudar pessoas com esclerose múltipla (EM) a ultrapassarem as suas dificuldades sexuais. Em entrevista à SPEM, explica de que forma a EM pode afetar a sexualidade e apresenta soluções para a recuperação de uma vida sexual mais gratificante, que induza bem-estar e contribua para a melhoria da qualidade de vida.
Qual o seu percurso profissional e experiência no contexto da resolução de problemas associados a sexualidade?
Desde 2003 que sou especialista de Medicina Física e de Reabilitação no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (CMRA), lidando com patologia neurológica na sua globalidade. Fiz uma pós-graduação em Medicina Sexual, em 2006, e desde então sou responsável pela consulta de Disfunção Sexual Neurogénea do CMRA.
No caso concreto da EM, como é que esta doença pode afetar a sexualidade?
A EM afeta de múltiplas formas a sexualidade e varia em função do género. Nos homens a disfunção erétil é o que tem mais expressão, enquanto nas mulheres tem mais impacto a diminuição da líbido. Ambos podem referir alteração da perceção do orgasmo e diminuição da frequência das relações sexuais. De realçar que existe terapêutica utilizada na EM e que pode contribuir para a diminuição da líbido. Associam-se outras queixas que, de forma indireta, interferem com a vivência da sexualidade, tais como a fadiga, a depressão, as alterações esfincterianas (sobretudo vesicais), a diminuição da mobilidade e da independência funcional, entre outras.
Para quem não sabe, explique por favor o que são alterações esfincterianas?
As alterações esfincterianas na EM repercutem-se a nível vesical e ou intestinal. No primeiro caso pode haver aumento da frequência, urgência e perdas urinárias, assim como dificuldade na micção com esvaziamentos incompletos da bexiga. É comum a necessidade de protetores como pensos, fraldas ou dispositivos urinários. Assiste-se também a um aumento da frequência das infeções urinárias. Do ponto de vista intestinal pode surgir obstipação e /ou incontinência fecal.
Em que consiste exatamente a reeducação da sexualidade e a reeducação vesico-esfincteriana?
Como a EM pode ter um grande impacto no controlo dos esfíncteres, nomeadamente o vesical, é importante que se faça a avaliação adequada de cada caso para melhor instituir a reeducação. É 
importante fazer uma avaliação urodinâmica e, mediante os resultados e as queixas apresentadas, instituir o que chamamos de “treino vesical”. Este consiste em ensinar como deve ser feita a ingestão da água ao longo do dia, facilitar a micção/esvaziamento vesical, podendo ter de recorrer a cateterizações intermitentes (pelo próprio/cuidador). Existem também medicamentos que facilitam a eliminação vesical e outros que ajudam no controlo das perdas urinárias.
Existe constrangimento por parte dos doentes em falarem abertamente sobre as suas dificuldades sexuais? É mais evidente em homens ou mulheres ou nalguma faixa etária?
É comum o constrangimento na abordagem da sexualidade, independentemente da idade ou género. Como o impacto desta patologia tem uma expressão mais visível no homem do que na mulher, o género masculino predomina na minha prática clínica. É preciso saber ouvir e colocar o doente à vontade na expressão das suas queixas. O meu papel na consulta consiste em explicar o impacto da sua doença na sexualidade, validar as queixas e apresentar estratégias/sugestões para as ultrapassar. Há vários patamares de intervenção que vão desde a redescoberta da sexualidade, o reforço afetivo, as orientações terapêuticas para a disfunção erétil, as orientações para a paternidade, entre outras.
É mais comum atender pacientes individualmente ou em casal?
É mais comum ter consultas individuais. As consultas de casal ocorrem se o doente assim o entender e se o parceiro aceitar e costuma ocorrer mais frequentemente depois da primeira consulta individual.
Porque é tão importante para as pessoas com EM não subestimarem os seus problemas sexuais e recuperarem a sua vida sexual?
Porque a sexualidade é natural! Ela faz parte da vida, em todas as faixas etárias e no contexto de saúde ou doença. A vivência da sexualidade de forma mais gratificante, induz bem-estar, reforça os laços afetivos e contribui para melhoria da qualidade de vida.
Consulta de Sexualidade na SPEM Lisboa
A sede da SPEM, em Lisboa, dispõe de acompanhamento médico de reabilitação na área da sexualidade, disponibilizando consultas presenciais semanais, individuais ou em casal, com a Dra. Glória Batista.
Objetivos: Reeducação da sexualidade (investimento afetivo, reinvenção da sexualidade e aquisição de estratégias sexuais satisfatórias); Terapêutica medicamentosa para disfunção erétil; Avaliação e possibilidade de orientação para a paternidade/maternidade; Reeducação vesico-esfincteriana e intestinal.
1.ª Consulta (1 h)
Sócios – 60€
Não Sócios – 70€
2.ª Consulta e seguintes (30 min)
Sócios – 35€
Não Sócios – 40€
Faça a sua marcação através do secretariado da SPEM:
Contacto – Teresa Monteiro
E-mail – [email protected]
Tel. – 938 232 957