Numa Carta Aberta, várias associações subscritoras pedem que o modelo de entrega de medicamentos hospitalares, adoptado durante o período de emergência por causa da pandemia, seja reposto de forma imediata. Pretendem uma solução definitiva nacional antes de uma possível segunda vaga de COVID-19.
O documento vai ser enviado à ministra da Saúde, ao gabinete do primeiro-ministro, à comissão parlamentar de saúde, aos presidentes dos partidos políticos, ao Infarmed e à Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares.
Carta Aberta aos decisores políticos
sobre o acesso de proximidade a medicação hospitalar
- permita a dispensa da medicação hospitalar na residência ou um local próximo, assegurando-se a equidade em todo o território continental e ilhas e a sustentabilidade económica para o SNS;
- evite a exposição dos doentes crónicos, muitos deles imunodeprimidos, a ambientes de possível contágio por doenças infeciosas, tal como a Covid-19;
- cumpra todas as garantias de qualidade, segurança, rastreabilidade, proteção de dados e confidencialidade;
- garanta a opção de escolha e respeite as necessidades e preferências de cada pessoa;
- evite deslocações desnecessárias e diminua a afluência de doentes às unidades de saúde sem necessidade expressa;
- seja transparente e envolva as pessoas que vivem com doença crónica e as associações que as representam na definição e monitorização do processo.
- 30,4% dos doentes evitaram faltar meio dia ou mais ao trabalho (sendo que 49% das pessoas abrangidas estão em situação de desemprego ou reforma ou são pensionistas)*;
- Em média, por cada dispensa foi evitada uma deslocação de 101 km, viagem de ida e volta para levantamento do medicamentos na farmácia do hospital respetivo*;
A participação dos cidadãos, na tomada de decisões que a todos afetam, não pode resumir-se a meros processos de consulta sem influência prática na melhoria do bem-estar das pessoas afetadas. O contributo das associações representantes dos doentes tem sido desperdiçado desde que se iniciou esta pandemia. Por isso, vimos a público exigir:
- a continuidade, com caracter imediato, da entrega de proximidade da medicação hospitalar a todas as pessoas que vivem com doença crónica e de forma simples, transparente e auditável, independentemente do hospital onde a pessoa é acompanhada;
- a definição de um grupo de trabalho com todos as partes interessadas devidamente representadas para redesenho, até 30 de setembro, do modelo a adotar (contemplando os requisitos expostos acima);
- a implementação do novo modelo de dispensa de proximidade antes do início do próximo inverno e de uma possível 2ª vaga da pandemia;
- a correção imediata de situações anómalas já identificadas e comunicadas aos responsáveis;
- a avaliação periódica do nível de satisfação por forma a que o processo se aproxime cada mais das necessidades dos cidadãos;
- a definição de uma estratégia de comunicação inclusiva e dirigida a toda a população afetada.
*Resultados preliminares de avaliação de impacto da operação luz verde – medicamentos de dispensa exclusiva hospitalar – apurados pelo CEFAR – Centro de estudos e avaliação em saúde.
Subscrevem:

Rodrigues Antunes (Presidente AC RIM)

Ana Sampaio (Presidente APDI)

Filomena Borges (Direção APELA)

Nuno Lopes (Presidente APH)

José Miguel Correia (Presidente APIR)

Miriam Brice (Presidente Careca Power)

Tamara Milagre (Presidente EVITA)

Luís Mendão (Presidente GAT)

Elsa Mateus (Presidente LPCDR)

Jaime Melancia (Presidente PSO Portugal)

Marta Jacinto (Presidente PXE Portugal)

Paulo Gonçalves (Vice-presidente SPEM)