O BPI e a Fundação “la Caixa” lançaram a 3ª edição do Prémio Rural, iniciativa que tem como objetivo apoiar projetos sociais em meio rural e gerar oportunidades para famílias, crianças, idosos e outros grupos em risco de exclusão social, sendo que o valor total – 700 mil euros – é distribuído por diferentes projetos.
Foi neste âmbito que a SPEM, em particular a Delegação de Coimbra, viu neste concurso uma oportunidade de responder às necessidades das Pessoas com EM a residir em meio rural e criou o projeto SOMOS +.
O SOMOS+ é uma iniciativa digital que visa intervir com pessoas que se encontram em situações de exclusão/vulnerabilidade social e que tenham alguma dificuldade de acesso a serviços que sejam importantes para se manterem informadas e tomarem decisões orientadas relativamente à sua vida.
Segundo Susete Margarido, Assistente Social e uma das obreiras do SOMOS +, este projeto pretende ser um mecanismo de capacitação para a inclusão e cidadania, dirigido a pessoas com Esclerose Múltipla e outras doenças neurodegenerativas que se encontrem a residir em meio rural e que não se encontrem institucionalizadas, sendo que serão fornecidas 25 sessões de capacitação de forma digital, com diferentes temas:
- Direitos e deveres
- Empreendedorismo
- Voluntariado
- Cidadania
- Saúde
- Ambiente
- Entre outros
O sentido de promover o empoderamento destas pessoas é um dos pontos apontados, sendo que o principal objetivo é promover a capacitação através da definição e cumprimento de um plano de acompanhamento individual. Na prática, isto quer dizer que numa fase inicial as pessoas beneficiárias do projeto serão alvo de uma intervenção por parte de uma equipa constituída por um Assistente Social, Psicólogo e Jurista, que farão uma avaliação diagnóstica e elaborarão um plano de acompanhamento para as pessoas cumprirem e serem avaliadas pela equipa. Este plano transparecerá as capacidades e limitações das pessoas e o trabalho que pode ser feito para melhorar sua qualidade de vida e bem-estar.
O projeto tem a duração de um ano, a começar em Fevereiro de 2022, e para além da contribuição para a cidadania ativa, a SPEM também ambiciona contribuir para uma cidadania digital. Para que tal aconteça, irão ser distribuídos equipamentos informáticos às 15 pessoas que estão programadas para integrar o projeto.
Quando questionada acerca das motivações acerca deste projeto, Gabriela Condeço – Coordenadora da SPEM Coimbra – não hesitou:
“ Estes projetos vêm ao encontro daquilo que é a missão da SPEM e do que a própria instituição promove diariamente, que é proporcionar a melhoria da qualidade de vida destes portadores.”
Numa altura de pandemia, em que foram observadas as consequências do afastamento do doente crónico da sua vida quotidiana em atividades que não puderam ser implementadas durante este período, o objetivo destes projetos passam por contrariar esta situação e mostrar que essa inclusão na sociedade é possível e que estas pessoas, mesmo estando deslocadas, podem ser capacitadas, habilitadas e ganhar mais-valias pessoais e profissionais.
Mesmo com promessas de mudança por parte dos diferentes agentes políticos e que acabam por ainda não se verem concretizadas, a SPEM não vai desistir. A coordenadora de Coimbra rematou:
“A missão é lutar pelo portador, pelo cuidador e por quem está mais próximo destas pessoas e portanto, para além destes projetos, vai lutar por uma sociedade inclusiva através destes projetos, que põem em primeiro lugar não a SPEM, mas a pessoa. O objetivo é colocar em 1º lugar o PcEM, a pessoa, o ser humano, aquele que tem direitos, aquele que tem capacidades e que tem tudo para mostrar à sociedade que é tão inclusivo como toda e qualquer pessoa”.
A SPEM e todos os Portados com Esclerose Múltipla agradecem ao Banco BPI e à Fundação La Caixa pela atribuição do prémio que, desde o seu ano de fundação, em 2019, atribuiu 1.5 milhões de euros a 42 projetos.